Cidades alimentando o futuro: alimentação escolar nas infâncias

Reflexões a partir do Global Forum – Milan Urban Food Policy Pact 2025
por Daniella Brochado – Co-fundadora do ICC e Coordenadora Pedagógica para as Relações Étnico-Raciais
Trabalhe no ICC | Vaga para pessoa captadora de recursos

TERMO DE REFERÊNCIA (TR): CONTRATAÇÃO DE CAPTADOR(A) DE RECURSOS (PJ) – vaga afirmativa para pessoas negras e indígena 1. Contexto e Objetivo O Instituto Comida e Cultura (ICC) é uma Organização da Sociedade Civil (OSC) dedicada a promover a educação alimentar e ambiental, alinhada à garantia do Direito à Alimentação Saudável. Para ampliar o impacto de suas ações, o ICC busca profissional (Pessoa Jurídica) com experiência comprovada para planejar, prospectar, negociar e formalizar patrocínios e apoios que estejam em conformidade com as diretrizes e a governança do Instituto. 2. Perfil e Requisitos Essenciais O(a) profissional deve demonstrar: 3. Escopo Estratégico e Entregas A prestação de serviços abrange o ciclo completo de captação de recursos: Entrega principal: Plano de Captação de Recursos. Entrega principal: Relatório de Base Ativa e Prospecção. Entrega principal: Relatórios mensais de atividades e Pipeline atualizado. 4. Metas e Indicadores Chave (KPIs) O desempenho será avaliado por métricas quantitativas e qualitativas: Categoria Indicador Meta Base Meta Financeira Captação (Patrocínios) ≥ R$ 450.000,00 Eficácia Taxa de conversãoProposta → Contrato ≥40% Operacional Leads qualificados / Abordagens / Reuniões ≥50 / ≥80 / ≥25 5. Remuneração e Contratação 6. Governança e Compliance É mandatório o cumprimento das obrigações fiscais e legais. O(a) contratado(a) deve observar a LGPD, a confidencialidade (5 anos), a legislação anticorrupção e o código de conduta do ICC. 7. Processo Seletivo A seleção será baseada em análise de currículo, manifestação de interesse e entrevista. Os critérios de avaliação priorizam a experiência, o alinhamento com a missão do ICC e a vivência em temas relacionados à segurança alimentar. Para se candidatar: preencha este formulário até 30 de novembro de 2025.
Infância na mesa: como escapar dos ultraprocessados?

Obesidade já atinge boa parte das crianças, inclusive bebês. Além de gerar doenças, industrializados alteram a percepção gustativa e o desenvolvimento. Valorizar outras culturas alimentares é essencial, mas também enquadrar corporações com uma Reforma Tributária Saudável
Infância em primeiro lugar: da lei ao prato no Dia Mundial da Alimentação

O recado é claro: comemorar a saída do mapa não substitui entregar comida adequada e fresca, todos os dias, para as infâncias brasileiras.
Não faltam políticas, o que falta é fazer junto.
Laura Müller Machado: Referência em merenda escolar, Brasil tem novo desafio com ultraprocessados

Conteúdo publicado originalmente na Folha de S. Paulo, em artigo assinado por Laura Müller Machado, conselheira do ICC
Brasil inspira o mundo em alimentação escolar, agora é hora de dar o próximo passo

Em agosto de 2025, o evento School Meals Coalition (Coalizão para Alimentação Escolar)reuniu representantes de governos, organizações e instituições de mais de uma centena de países. E o Instituto Comida e Cultura estava lá!
Educar sobre comida é educar para a vida: participe da campanha pela Educação Alimentar nas escolas
No Dia Mundial da Alimentação (16 de outubro), o Instituto Comida e Cultura (ICC) lança, junto com o Greenpeace, Instituto Fome Zero, ACT Promoção da Saúde e Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), a campanha “A Hora e a Vez da Educação Alimentar” — uma mobilização nacional que convida a sociedade a assinar uma petição online pedindo a implementação efetiva da Educação Alimentar e Nutricional (EAN) nos currículos escolares de todo o país. Então, vaos nessa?! Assine a petição aqui. A Educação Alimentar e Nutricional já é garantida por lei no Brasil desde 2009 (Lei nº 11.947) e reforçada em 2018 (Lei nº 13.666). Mas, na prática, ainda não saiu do papel na maioria das redes de ensino. Ou seja, milhões de crianças e adolescentes seguem sem acesso a conteúdos que os ajudem a compreender de onde vem a comida que consomem, quais são seus direitos e como fazer escolhas mais saudáveis e sustentáveis. “Temos uma legislação avançada, que reconhece a Educação Alimentar como um direito. Mas falta vontade política para tirá-la do papel. Enquanto isso, vemos crianças cada vez mais expostas à publicidade de ultraprocessados, sem acesso a informações críticas sobre alimentação — e isso precisa mudar”, afirma Ariela Doctors, coordenadora geral do Instituto Comida e Cultura. Dia Mundial da Alimentação: um dia de luta O lançamento da campanha no Dia Mundial da Alimentação reforça a urgência de garantir uma política pública que una educação, cultura alimentar, sustentabilidade e cidadania.Isso porque, em um cenário marcado pela sindemia global (conceito que explica o entrelaçamento da obesidade, da desnutrição e das mudanças climáticas), a EAN se apresenta como uma estratégia essencial para enfrentar as desigualdades e fortalecer o direito à alimentação adequada e saudável desde a infância. “A educação alimentar e nutricional pode ser uma estratégia de integração dos componentes curriculares, enriquecendo a aprendizagem e desenvolvendo senso crítico quanto às escolhas alimentares”, destaca Giorgia Russo, especialista do Idec. Inclusive, esta campanha é fruto de uma articulação inédita entre organizações da sociedade civil comprometidas com a soberania alimentar e a educação. O ICC, ao lado de suas alianças, reforça o convite para que educadores, governos e cidadãos se engajem nessa pauta.Educar sobre comida é educar para a vida — e garantir a Educação Alimentar nas escolas é formar gerações mais conscientes, saudáveis e críticas. Educar sobre comida é educar para a vida. Garantir a Educação Alimentar nas escolas é formar gerações mais conscientes, saudáveis e críticas. Junte-se a nós nessa mobilização!
4 conteúdos inspiradores para trabalhar a Educação Alimentar nas escolas

O Dia dos Professores é uma oportunidade para reconhecer e agradecer a toda a rede que circunda a educação de uma criança. Entre tantas dimensões do processo educativo, a alimentação ocupa um lugar fundamental, já que colabora com a formação do ser humano e nos garante uma forma de estar no mundo. Falar sobre o que comemos é também refletir sobre como vivemos, de onde vêm nossos alimentos e quais relações construímos com a terra, com o outro e com a cultura. Por isso, reunimos cinco conteúdos inspiradores para educadores que desejam trabalhar a Educação Alimentar e Nutricional (EAN) de forma transversal e crítica, reconhecendo a comida como um eixo potente de aprendizagem, pertencimento e cidadania. Então, vamos à lista?! 1. Cozinhas & Infâncias — Guia Orientador de educação alimentar e nutricional nas escolas municipais de Chapada dos Guimarães Esse guia foi construído a partir de conversas com as professoras participantes da segunda fase do Programa Cozinhas & Infâncias, promovido pelo Instituto Comida e Cultura com apoio do Ministério Público Estadual e em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Chapada dos Guimarães. Ele visa indicar alternativas possíveis para a implementação de ações transversais para Educação Alimentar e Nutricional (EAN) nas escolas municipais de Chapada dos Guimarães, Mato Grosso. O Guia pretende fomentar ecossistemas de aprendizagens com a ampliação da participação das famílias, escolas, gestores e das comunidades, em busca da promoção da alimentação adequada e saudável nos territórios, ressaltando uma agenda de atividades que valorizem as diferentes expressões da cultura alimentar, fortaleçam hábitos regionais e as dimensões relacionadas a uma comunidade sustentável. Acesse o material completo aqui. 2. Referencial de Educação Alimentar e Nutricional nas Escolas (Rebrae) Elaborado pela Rede Brasileira de Alimentação e Nutrição Escolar (Rebrae), este documento recente apresenta diretrizes, fundamentos teóricos e exemplos práticos de como incluir a EAN nos currículos escolares. É uma leitura essencial para gestores, educadores e profissionais que buscam alinhar suas práticas às políticas públicas de alimentação e nutrição. Acesse o referencial completo. 3. Educação Alimentar e Nutricional – Orientações pedagógicas (Prefeitura de São Paulo) Material dedicado às educadoras e aos educadores com percurso de reflexões sobre a alimentação escolar, que atravessa o tempo e se consolida na sociedade brasileira como direito fundamental de bebês, crianças e estudantes. O intuito da publicação é aliar os estudos sobre alimentação e nutrição nos momentos coletivos de formação, planejamento e replanejamento dos Projetos Político-Pedagógicos. Baixe gratuitamente aqui. 4. Playlist no Youtube – CODAE-SP Essa lista, organizada pelo CODAE-SP, reúne uma série de vídeos curtos e inspiradores sobre o universo da alimentação, da produção ao consumo, passando por temas como cultura alimentar, sustentabilidade e segurança alimentar. É um ótimo material de apoio para professores que queiram enriquecer suas aulas com conteúdos acessíveis e multimídia, ajudando estudantes a refletirem sobre o papel da comida em nossas vidas, nas cidades e no planeta. Acesse a playlist no Youtube do CODAE. Por fim, ao incluir a Educação Alimentar e Nutricional nas escolas, ampliamos o horizonte da aprendizagem e reafirmamos o direito à comida de verdade como parte indissociável do direito à educação. Esperamos que o material seja útil em muitas escolas brasileiras!
De Brasília, boas notícias para a alimentação nas escolas

O Brasil acaba de dar um passo fundamental para fortalecer a alimentação escolar e a agricultura familiar. Isso porque, no dia 30 de setembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei 15.226/2025, que aumenta de 30% para 45% o percentual mínimo de produtos da agricultura familiar destinados ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). A cerimônia no Palácio do Planalto contou com a presença de Ariela Doctors e Erika Fischer, co-fundadoras do Instituto Comida e Cultura, que acompanharam de perto esse momento tão importante para as políticas públicas que regulam a pauta da alimentação no país. Na ocasião, o presidente sancionou outras quatro leis sobre políticas de segurança alimentar. Um salto de 50% na participação da agricultura familiar A mudança legislativa representa um aumento de 50% na participação da agricultura familiar no PNAE, com previsão de movimentar quase R$1 bilhão em compras institucionais. Para o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, os impactos vão além dos números. “Amplia o mercado, aumenta a renda dos agricultores familiares, estimula a produção e a organização coletiva, via cooperativas e associações. Beneficia estudantes com menos ultraprocessados e mais cardápios regionais”, destacou o ministro durante a cerimônia. O que muda na prática? A Lei 15.226/2025 traz duas mudanças importantes para o PNAE: A voz do Instituto Comida e Cultura Para Erika Fischer, Consultora de Relações Institucionais do ICC, a sanção da lei representa um marco para tudo o que o Instituto defende e trabalha: “Os projetos de Educação Alimentar e Nutricional do ICC promovem o conhecimento sobre todo o ciclo do alimento – da terra à mesa, sempre destacando o papel crucial da agricultura familiar para a transformação positiva dos sistemas alimentares. Biodiversidade, cultura alimentar, comida de panela, saúde, circuitos curtos, laços comunitários são alguns dos pilares da agricultura familiar que queremos disseminar como sementes nas escolas por onde passamos.” Inclusive, esta conquista legislativa dialoga com o trabalho que o Instituto Comida e Cultura vem desenvolvendo em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO): o projeto Casas de Comida, Cultura e Cuidado, que também tem como objetivo fortalecer a Agricultura Familiar e a segurança e soberania alimentar nos territórios, como parte do PLANAB – Plano Nacional de Abastecimento Alimentar. Ainda em desenvolvimento, a ideia do projeto é promover espaços comunitários que promovem a conexão entre agricultura familiar, educação alimentar e segurança nutricional nos territórios. Com o aumento da participação da agricultura familiar no PNAE, fortalecemos toda a cadeia de abastecimento alimentar que os Pontos buscam consolidar. A sanção da Lei 15.226/2025 não é apenas uma vitória numérica. Representa o reconhecimento de que a agricultura familiar é fundamental para garantir alimentação saudável, diversificada e culturalmente apropriada nas escolas do Brasil. Mais do que isso, mostra que políticas públicas bem desenhadas podem transformar realidades: aumentam a renda de agricultores familiares, melhoram a nutrição de milhões de estudantes e fortalecem economias locais. Quer saber mais sobre as Casas de Comida, Cultura e Cuidado?Acompanhe nossos próximos conteúdos aqui no blog e nas redes sociais do Instituto Comida e Cultura!
quando a touca não cabe e a gente não quer caber

Na cozinha, tudo deveria caber: o cheiro do café, a lembrança da infância, as vozes que cozinham juntas. Mas e quando a touca expulsa? A cozinha é mais que lugar de panelas e receitas: é território de partilhas, onde a oralidade se encontra com a memória. Ali, emoções e conexões se acendem; histórias proseadas enquanto o bolo cresce no forno; o aroma do café anuncia e os cheiros despertam lembranças da infância. É nesse espaço que corpos se reconhecem e se sentem pertencentes. O programa Cozinhas & Infâncias nasce com esse propósito: inserir a alimentação no currículo pedagógico como parte essencial de uma educação emancipatória. Uma educação que dialoga com Culturas, Histórias, Sistemas Alimentares, Biodiversidade, Relações Étnico-Raciais e o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena. Em 2023, a formação chegou à rede pública de educação infantil de São Paulo, numa parceria entre o Instituto Comida e Cultura, a Secretaria Municipal de Educação (CODAE) e a Faculdade de Saúde Pública da USP. No Laboratório de Práticas Culinárias, professoras, professores e cozinheiras se encontram: aprendem, trocam, cozinham juntas. Mas havia algo muito sutil, deveria ser invisível e gritava: a touca descartável. Obrigatória por norma sanitária e símbolo de um higienismo herdado do século XIX, ela deveria proteger alimentos e corpos. Mas seu tamanho ‘padrão’ não cabia em todas as cabeças. Não acolhia os cabelos crespos, afros, volumosos, que representam uma estética identitária, de beleza e de auto afirmação. E quando não cabe, a touca vira desconforto, reforça estereótipos racistas, dá sinais de inadequação e indica um não lugar. Afinal, essa touca foi feita para quem? Quem pode estar e transitar nesse espaço? Nossa metodologia fala de pertencimento, mas como experivivência-la na prática se até a touca expulsa? Reconhecendo isso, o Instituto Comida e Cultura passa agora a adotar toucas que acolhem e abraçam todos os tipos de cabelo. E pede desculpas por não ter feito antes. Pois foi necessário trazer mais diversidade para nossa equipe, para realmente olharmos para isso com a devida importância. Pois para quem está a todo tempo lutando para ser quem é, isso não passaria despercebido. Porque a cozinha é lugar de pertencimento, construção de um estar inteiro, singular e coletivo..E se a cozinha é espaço de ensino, resistência, precisamos ressignificá-lo para ser também espaço de dignidade, de celebração e cuidado — onde nenhuma mulher, nenhum corpo, nenhum cabelo se sinta fora do lugar. *texto de daniella brochado, em colaboração com mariana soares, ana vasconcellos e thalita beltrame. Brasil, 02 de setembro de 2025.