Educar sobre comida é educar para a vida: participe da campanha pela Educação Alimentar nas escolas

No Dia Mundial da Alimentação (16 de outubro), o Instituto Comida e Cultura (ICC) lança, junto com o Greenpeace, Instituto Fome Zero, ACT Promoção da Saúde e Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), a campanha “A Hora e a Vez da Educação Alimentar” — uma mobilização nacional que convida a sociedade a assinar uma petição online pedindo a implementação efetiva da Educação Alimentar e Nutricional (EAN) nos currículos escolares de todo o país. Então, vaos nessa?! Assine a petição aqui. A Educação Alimentar e Nutricional já é garantida por lei no Brasil desde 2009 (Lei nº 11.947) e reforçada em 2018 (Lei nº 13.666). Mas, na prática, ainda não saiu do papel na maioria das redes de ensino. Ou seja, milhões de crianças e adolescentes seguem sem acesso a conteúdos que os ajudem a compreender de onde vem a comida que consomem, quais são seus direitos e como fazer escolhas mais saudáveis e sustentáveis. “Temos uma legislação avançada, que reconhece a Educação Alimentar como um direito. Mas falta vontade política para tirá-la do papel. Enquanto isso, vemos crianças cada vez mais expostas à publicidade de ultraprocessados, sem acesso a informações críticas sobre alimentação — e isso precisa mudar”, afirma Ariela Doctors, coordenadora geral do Instituto Comida e Cultura. Dia Mundial da Alimentação: um dia de luta O lançamento da campanha no Dia Mundial da Alimentação reforça a urgência de garantir uma política pública que una educação, cultura alimentar, sustentabilidade e cidadania.Isso porque, em um cenário marcado pela sindemia global (conceito que explica o entrelaçamento da obesidade, da desnutrição e das mudanças climáticas), a EAN se apresenta como uma estratégia essencial para enfrentar as desigualdades e fortalecer o direito à alimentação adequada e saudável desde a infância. “A educação alimentar e nutricional pode ser uma estratégia de integração dos componentes curriculares, enriquecendo a aprendizagem e desenvolvendo senso crítico quanto às escolhas alimentares”, destaca Giorgia Russo, especialista do Idec. Inclusive, esta campanha é fruto de uma articulação inédita entre organizações da sociedade civil comprometidas com a soberania alimentar e a educação. O ICC, ao lado de suas alianças, reforça o convite para que educadores, governos e cidadãos se engajem nessa pauta.Educar sobre comida é educar para a vida — e garantir a Educação Alimentar nas escolas é formar gerações mais conscientes, saudáveis e críticas. Educar sobre comida é educar para a vida. Garantir a Educação Alimentar nas escolas é formar gerações mais conscientes, saudáveis e críticas. Junte-se a nós nessa mobilização!
4 conteúdos inspiradores para trabalhar a Educação Alimentar nas escolas

O Dia dos Professores é uma oportunidade para reconhecer e agradecer a toda a rede que circunda a educação de uma criança. Entre tantas dimensões do processo educativo, a alimentação ocupa um lugar fundamental, já que colabora com a formação do ser humano e nos garante uma forma de estar no mundo. Falar sobre o que comemos é também refletir sobre como vivemos, de onde vêm nossos alimentos e quais relações construímos com a terra, com o outro e com a cultura. Por isso, reunimos cinco conteúdos inspiradores para educadores que desejam trabalhar a Educação Alimentar e Nutricional (EAN) de forma transversal e crítica, reconhecendo a comida como um eixo potente de aprendizagem, pertencimento e cidadania. Então, vamos à lista?! 1. Cozinhas & Infâncias — Guia Orientador de educação alimentar e nutricional nas escolas municipais de Chapada dos Guimarães Esse guia foi construído a partir de conversas com as professoras participantes da segunda fase do Programa Cozinhas & Infâncias, promovido pelo Instituto Comida e Cultura com apoio do Ministério Público Estadual e em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Chapada dos Guimarães. Ele visa indicar alternativas possíveis para a implementação de ações transversais para Educação Alimentar e Nutricional (EAN) nas escolas municipais de Chapada dos Guimarães, Mato Grosso. O Guia pretende fomentar ecossistemas de aprendizagens com a ampliação da participação das famílias, escolas, gestores e das comunidades, em busca da promoção da alimentação adequada e saudável nos territórios, ressaltando uma agenda de atividades que valorizem as diferentes expressões da cultura alimentar, fortaleçam hábitos regionais e as dimensões relacionadas a uma comunidade sustentável. Acesse o material completo aqui. 2. Referencial de Educação Alimentar e Nutricional nas Escolas (Rebrae) Elaborado pela Rede Brasileira de Alimentação e Nutrição Escolar (Rebrae), este documento recente apresenta diretrizes, fundamentos teóricos e exemplos práticos de como incluir a EAN nos currículos escolares. É uma leitura essencial para gestores, educadores e profissionais que buscam alinhar suas práticas às políticas públicas de alimentação e nutrição. Acesse o referencial completo. 3. Educação Alimentar e Nutricional – Orientações pedagógicas (Prefeitura de São Paulo) Material dedicado às educadoras e aos educadores com percurso de reflexões sobre a alimentação escolar, que atravessa o tempo e se consolida na sociedade brasileira como direito fundamental de bebês, crianças e estudantes. O intuito da publicação é aliar os estudos sobre alimentação e nutrição nos momentos coletivos de formação, planejamento e replanejamento dos Projetos Político-Pedagógicos. Baixe gratuitamente aqui. 4. Playlist no Youtube – CODAE-SP Essa lista, organizada pelo CODAE-SP, reúne uma série de vídeos curtos e inspiradores sobre o universo da alimentação, da produção ao consumo, passando por temas como cultura alimentar, sustentabilidade e segurança alimentar. É um ótimo material de apoio para professores que queiram enriquecer suas aulas com conteúdos acessíveis e multimídia, ajudando estudantes a refletirem sobre o papel da comida em nossas vidas, nas cidades e no planeta. Acesse a playlist no Youtube do CODAE. Por fim, ao incluir a Educação Alimentar e Nutricional nas escolas, ampliamos o horizonte da aprendizagem e reafirmamos o direito à comida de verdade como parte indissociável do direito à educação. Esperamos que o material seja útil em muitas escolas brasileiras!
De Brasília, boas notícias para a alimentação nas escolas

O Brasil acaba de dar um passo fundamental para fortalecer a alimentação escolar e a agricultura familiar. Isso porque, no dia 30 de setembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei 15.226/2025, que aumenta de 30% para 45% o percentual mínimo de produtos da agricultura familiar destinados ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). A cerimônia no Palácio do Planalto contou com a presença de Ariela Doctors e Erika Fischer, co-fundadoras do Instituto Comida e Cultura, que acompanharam de perto esse momento tão importante para as políticas públicas que regulam a pauta da alimentação no país. Na ocasião, o presidente sancionou outras quatro leis sobre políticas de segurança alimentar. Um salto de 50% na participação da agricultura familiar A mudança legislativa representa um aumento de 50% na participação da agricultura familiar no PNAE, com previsão de movimentar quase R$1 bilhão em compras institucionais. Para o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, os impactos vão além dos números. “Amplia o mercado, aumenta a renda dos agricultores familiares, estimula a produção e a organização coletiva, via cooperativas e associações. Beneficia estudantes com menos ultraprocessados e mais cardápios regionais”, destacou o ministro durante a cerimônia. O que muda na prática? A Lei 15.226/2025 traz duas mudanças importantes para o PNAE: A voz do Instituto Comida e Cultura Para Erika Fischer, Consultora de Relações Institucionais do ICC, a sanção da lei representa um marco para tudo o que o Instituto defende e trabalha: “Os projetos de Educação Alimentar e Nutricional do ICC promovem o conhecimento sobre todo o ciclo do alimento – da terra à mesa, sempre destacando o papel crucial da agricultura familiar para a transformação positiva dos sistemas alimentares. Biodiversidade, cultura alimentar, comida de panela, saúde, circuitos curtos, laços comunitários são alguns dos pilares da agricultura familiar que queremos disseminar como sementes nas escolas por onde passamos.” Inclusive, esta conquista legislativa dialoga com o trabalho que o Instituto Comida e Cultura vem desenvolvendo em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO): o projeto Casas de Comida, Cultura e Cuidado, que também tem como objetivo fortalecer a Agricultura Familiar e a segurança e soberania alimentar nos territórios, como parte do PLANAB – Plano Nacional de Abastecimento Alimentar. Ainda em desenvolvimento, a ideia do projeto é promover espaços comunitários que promovem a conexão entre agricultura familiar, educação alimentar e segurança nutricional nos territórios. Com o aumento da participação da agricultura familiar no PNAE, fortalecemos toda a cadeia de abastecimento alimentar que os Pontos buscam consolidar. A sanção da Lei 15.226/2025 não é apenas uma vitória numérica. Representa o reconhecimento de que a agricultura familiar é fundamental para garantir alimentação saudável, diversificada e culturalmente apropriada nas escolas do Brasil. Mais do que isso, mostra que políticas públicas bem desenhadas podem transformar realidades: aumentam a renda de agricultores familiares, melhoram a nutrição de milhões de estudantes e fortalecem economias locais. Quer saber mais sobre as Casas de Comida, Cultura e Cuidado?Acompanhe nossos próximos conteúdos aqui no blog e nas redes sociais do Instituto Comida e Cultura!
quando a touca não cabe e a gente não quer caber

Na cozinha, tudo deveria caber: o cheiro do café, a lembrança da infância, as vozes que cozinham juntas. Mas e quando a touca expulsa? A cozinha é mais que lugar de panelas e receitas: é território de partilhas, onde a oralidade se encontra com a memória. Ali, emoções e conexões se acendem; histórias proseadas enquanto o bolo cresce no forno; o aroma do café anuncia e os cheiros despertam lembranças da infância. É nesse espaço que corpos se reconhecem e se sentem pertencentes. O programa Cozinhas & Infâncias nasce com esse propósito: inserir a alimentação no currículo pedagógico como parte essencial de uma educação emancipatória. Uma educação que dialoga com Culturas, Histórias, Sistemas Alimentares, Biodiversidade, Relações Étnico-Raciais e o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena. Em 2023, a formação chegou à rede pública de educação infantil de São Paulo, numa parceria entre o Instituto Comida e Cultura, a Secretaria Municipal de Educação (CODAE) e a Faculdade de Saúde Pública da USP. No Laboratório de Práticas Culinárias, professoras, professores e cozinheiras se encontram: aprendem, trocam, cozinham juntas. Mas havia algo muito sutil, deveria ser invisível e gritava: a touca descartável. Obrigatória por norma sanitária e símbolo de um higienismo herdado do século XIX, ela deveria proteger alimentos e corpos. Mas seu tamanho ‘padrão’ não cabia em todas as cabeças. Não acolhia os cabelos crespos, afros, volumosos, que representam uma estética identitária, de beleza e de auto afirmação. E quando não cabe, a touca vira desconforto, reforça estereótipos racistas, dá sinais de inadequação e indica um não lugar. Afinal, essa touca foi feita para quem? Quem pode estar e transitar nesse espaço? Nossa metodologia fala de pertencimento, mas como experivivência-la na prática se até a touca expulsa? Reconhecendo isso, o Instituto Comida e Cultura passa agora a adotar toucas que acolhem e abraçam todos os tipos de cabelo. E pede desculpas por não ter feito antes. Pois foi necessário trazer mais diversidade para nossa equipe, para realmente olharmos para isso com a devida importância. Pois para quem está a todo tempo lutando para ser quem é, isso não passaria despercebido. Porque a cozinha é lugar de pertencimento, construção de um estar inteiro, singular e coletivo..E se a cozinha é espaço de ensino, resistência, precisamos ressignificá-lo para ser também espaço de dignidade, de celebração e cuidado — onde nenhuma mulher, nenhum corpo, nenhum cabelo se sinta fora do lugar. *texto de daniella brochado, em colaboração com mariana soares, ana vasconcellos e thalita beltrame. Brasil, 02 de setembro de 2025.
O TEMPO E A EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL

Por Ligia Amparo-Santos1 Boa tarde a todas as pessoas aqui presentes2, gostaria de agradecer ao convite para participar deste evento, que significa para mim um espaço de compartilhamento de reflexões, saberes e fazeres sobre a Educação Alimentar e Nutricional em tempos de tantas turbulências. Considero ainda mais relevante pois, nestes tempos turbulentos e vertiginosos, a EAN emerge como um dispositivo com congrega um outro tempo, um tempo relacionado a tempo do aprender e este nem sempre é capaz de responder as urgências dos problemas que nos afligem. O aprender se concebe muito mais nas tessituras das micropolíticas, produzindo insurgências nos interstícios da vida e que, por seu turno, devem se fundar no hoje, na hora e na vez da EAN, como se intitula este evento, para produção de outros futuros. Futuros estes que promovam conexões entre comida-corpo-território de um modo mais digno. O título A Hora e a Vez da EAN me instigou a refletir sobre o tempo. Face a isso, permitam-me um breve preambulo para refletir um pouco sobre isso. De súbito, me veio à mente uma publicação quase que ontológica no campo da EAN que é o artigo Educação Nutricional: presente, passado e futuro de Maria Cristina Boog, na Revista da PUCCAMP em 19973. Este foi um texto emblemático no qual a autora afirma a então ainda denominara Educação Nutricional enquanto importante estratégia de ação em Saúde Pública, lembrando ainda que se tratava de uma disciplina obrigatória nos cursos de Nutrição e fazia parte das ações do nutricionista em todos os campos de atuação, como é até os dias atuais. Assim, ela irá percorrer a sua história a partir de documentos internacionais da OMS, OPAS, com o intuito de “propor desafios para os especialistas na área e nutricionistas em geral visando ao desenvolvimento futuro desta área de conhecimento, em benefício da sociedade”. Em suma, trata-se de uma publicação por demais conhecida no campo dos estudiosos e praticantes de EAN, mas aqui eu rememoro tão somente para destacar a atenção que me chamou neste momento o subtítulo – presente, passado e futuro. Fiquei a refletir sobre qual era o imaginário de futuro para a EAN a quase 30 anos atrás, quais aspectos desta fabulação que concretizamos, quais revisitamos e aquelas que ainda precisamos revisitar, como ainda aquelas nem sequer foram possíveis de sonhar. Esse texto me inspirou em outro momento da história, já em 2005, ou seja oito anos após, quando publiquei, também na Revista de Nutrição, um artigo intitulado “Educação alimentar e nutricional no contexto da promoção de práticas alimentares saudáveis”, no qual revisitei documentos das políticas públicas de alimentação e nutrição que estavam sendo elaborados e publicados no Brasil neste período para concluir que a EAN “estava em todos os lugares e, ao mesmo tempo, não estava em lugar nenhum”. Em outras palavras, era muito citada nos documentos algo do tipo “é preciso fazer EAN”, entretanto, as bases epistemológicas, teóricas e práticas em que elas consistiriam eram pouco exploradas. Aqui já estou no tempo da constituição das políticas públicas de alimentação e nutrição, como a PNAN. Já estamos vislumbrando outros projetos de futuro nos quais os governos de esquerda empreenderam políticas de combate à fome e à pobreza, em defesa da soberania e da garantia da segurança alimentar e nutricional. Tempos em que os sonhos de “um mundo sem fome” estavam sendo grafados em ações e sendo inscritas nos papéis, nas mentes e nas práticas. No campo específico da EAN culminou na publicação no Marco de Referência em EAN para políticas públicas5, pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Este concretiza parte dos sonhos – alguns ainda como quase devaneios. O “Marco”, como é popularmente denominado, pareceu nos ofertar uma espécie de bússola6 para produzir outros futuros, com outros modos de fazer e importantes consequências foram produzidas, como por exemplo o projeto Ideias na Mesa, Editais de pesquisa específicos para a EAN7. Entretanto, quando já estávamos quase acreditando que o tempo de fazer as coisas acontecerem já estavam “em nossas mãos”, quando tivemos a oportunidade de sonhar, sem medo de ser feliz, com esse “mundo sem fome”, expressado com o comer digno já instituído constitucionalmente como um direito humano, uma inflexão no curso da nossa história interrompe as nossas utopias. O ascenso da extrema direita e os consequentes retrocessos das políticas sociais, a investida radical do neoliberalismo, uma espécie de “Democracia em Vertigem” ou um “Apocalipse dos Trópicos”8, somando-se a emergência de um Colapso Climático, intensificado por um tempo interceptado pela Pandemia de Covid 19 que nos fez solicitar “parar o tempo”, redimensiona os projetos do presente e do futuro. A pandemia, por exemplo, reconfigurou radicalmente as nossas vidas, o nosso modo de pensar o tempo, a relação dos nossos corpos com o território e como habitamos o mundo. A experiência pandêmica produziu marcas em nossas vidas atravessadas por um vírus indomável, cujos efeitos insistimos em esquecer, mas que nos persegue como um fantasma. Vivemos tempos nos quais aos nossos corpos estão impregnados com mais intensidade de sofisticação por um modo de viver quase bélico, referenciado pelos ideais de progresso, da eficiência, eficácia, o mito do produtivismo capitalista tentando invisibilizar que esta é a chave oracular do problema. Alguns de nós, talvez mais atentos ou mais tomados pela vertigem do tempo acelerado que não nos permite conseguir organizar o que nos passava, voltaram a atenção de nossos corpos, ampliando os olhos e ouvidos para múltiplas vozes que já por muito tempo ecoavam sobre o futuro do planeta. Ambientalistas, pensadoras e pensadores indígenas, quilombolas e as cosmologias afrocentradas, outras epistemologias compuseram um fecundo mosaico para compor o que anunciou o congresso em que estive participando na semana atrás, a XV Reunião de Antropologia do Mercosul, que ocorreu em Salvador que se intitulou Retomar o Futuro. Na sociedade moderna, nos acostumados a lidar com o tempo dentro de um ordenamento cronológico delimitado entre o passado presente e futuro. A modernidade enclausurou o tempo recorrendo a tecnologias modernas que buscaram mensurá-lo, no qual relógio pode ser considerado
NOTA DE REPÚDIO | Transporte público não é espaço para propaganda de refrigerante

O Instituto Comida e Cultura manifesta seu profundo repúdio à decisão da Prefeitura de Sorocaba (SP) de distribuir gratuitamente latas de Coca-Cola no transporte público da cidade.
ICC passa a integrar o CRSANS. Mas por que isso importa?

O Instituto Comida e Cultura agora integra a Comissão Regional de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável de São Paulo. Saiba o que significa essa conquista e por que a Educação Alimentar e Nutricional é fundamental para garantir o direito à alimentação.
Cozinhas & Infâncias inicia nova turma em São Paulo

Até o final do ano, profissionais do ensino fundamental poderão aprender
na teoria e na prática como incluir a educação alimentar no chão da escola
ICC apresenta o projeto Cozinhas & Infâncias no Congresso Internacional de Nutrição em Paris

Entre os dias 24 e 29 de agosto, o Instituto Comida e Cultura marcou presença no Congresso Internacional de Nutrição IUNS-ICN 2025, realizado em Paris. A cofundadora do ICC, Ariela Doctors, apresentou os resultados do projeto Cozinhas & Infâncias, que tem transformado as escolas no Brasil, com práticas que utilizam como base o Guia Alimentar para a População Brasileira (GAPB). O evento, historicamente marcado por painéis e discussões limitadas ao campo da nutrição, começa a abrir espaço para uma visão mais ampla e multidisciplinar sobre alimentação, por isso a participação no congresso foi um marco importante para a nossa trajetória. Desta vez, o debate sobre Educação Alimentar e Nutricional (EAN) ganhou relevância em diferentes painéis, com o ICC marcando presença! Essa mudança sinaliza um movimento global que reforça a urgência de repensarmos nossos sistemas alimentares. O trabalho apresentado pelo ICC trouxe para o centro do debate a importância de formar educadores da primeira infância, colocando a alimentação como tema pedagógico e cultural, nos currículos das instituições de ensino. O projeto Cozinhas & Infâncias desenvolveu uma matriz educativa dialógica, com temáticas que percorrem desde o domínio do fogo pela humanidade até a descolonização dos nossos pratos. Essa abordagem alia teoria e prática, estimulando reflexões críticas e atividades escolares alinhadas à Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Os resultados da pesquisa também evidenciam avanços concretos. Entre os professores, observou-se aumento nas habilidades culinárias domésticas e no conhecimento sobre o Guia Alimentar. Também foram registradas melhorias nos processos coletivos, mostrando que a formação ampliou não apenas o aprendizado individual, mas também a capacidade de trabalho em grupo. Entre as cozinheiras escolares, parte das turmas também apresentou ganhos significativos nas práticas culinárias e na compreensão do Guia Alimentar. Esses indicadores revelam uma reconexão dos profissionais da educação com a comida de verdade, resgatando o valor da comida e da cultura no chão da escola. Mais do que números, o impacto do projeto reforça a centralidade da Educação Alimentar e Nutricional. Como já discutimos em outros conteúdos do blog do ICC, EAN não é apenas ensinar receitas ou incentivar escolhas mais saudáveis. É um processo de letramento e formação cidadã, que ajuda a compreender as dimensões sociais, culturais, econômicas e ambientais da comida. É também um caminho para garantir autonomia, consciência crítica e respeito à diversidade alimentar. Estar em um dos maiores congresso de nutrição do mundo com esse trabalho foi mais um esforço do ICC para colocar a EAN na pauta de uma agenda internacional. Com a nossa participação, mostramos que é possível transformar paradigmas a partir da escola, aproximando o Guia Alimentar da realidade cotidiana de professores, cozinheiras e, sobretudo, das crianças.
Cozinhas & Infâncias em Sorriso: saiba como foi a nossa jornada no Mato Grosso

O dia 19 de agosto de 2025 marcou o início de mais um ciclo formativo do programa “Cozinhas & Infâncias“, que chega ao município de Sorriso (MT) para conectar alimentação, educação e sustentabilidade de forma prática e reflexiva para os profissionais da rede pública de ensino da cidade. A cozinha do SENAI/Sorriso recebeu professores da educação infantil e ensino fundamental, gestores escolares, coordenadores e nutricionistas da rede para uma experiência que vai além do ambiente tradicional de formação. Durante as atividades práticas, os participantes puderam vivenciar como o ato de cozinhar pode se tornar uma ferramenta pedagógica consistente, por meio da Educação Alimentar e Nutricional. A partir desse primeiro encontro, espera-se que novas possibilidades se abram e que os profissionais participantes percebam o potencial educativo da alimentação. Durante o encontro, ficou evidente como o alimento pode funcionar como elemento articulador de diversos conhecimentos. A abordagem proposta demonstra às crianças as múltiplas conexões presentes no ato de se alimentar, de maneira acessível e prazerosa. Valorização dos saberes locais e ancestrais O diferencial do “Cozinhas & Infâncias” está em sua perspectiva decolonial, que reconhece e valoriza os saberes ancestrais e a diversidade da cultura culinária brasileira. Essa abordagem contribui para que as crianças desenvolvam não apenas práticas alimentares mais conscientes, mas também um maior reconhecimento de sua identidade cultural. Na abertura em Sorriso, também ficou evidente que os adultos também podem (re)descobrir sabores, preparos e alimentos através das vivências oferecidas pelo Programa. Confira alguns depoimentos: Um encontro de agendas Nossa passagem por Sorriso também coincidiu com a realização da 1ª Conferência Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional. Foi uma oportunidade única de conectar práticas locais com os debates mais amplos sobre a Educação Alimentar e Nutricional (EAN) e os desafios que atravessam o presente. Na ocasião, Ariela Doctors, cofundadora do Instituto Comida e Cultura, participou trazendo um olhar sobre a urgência de repensar os sistemas alimentares: “Estamos acompanhando as urgências climáticas e elas se sobrepõem porque isso tudo tem a ver com a maneira com que a gente vem se alimentando e conduzindo sistemas alimentares ao longo da história da humanidade. Com isso, é mais do que urgente tratar da EAN desde a infância, para que as crianças tenham a possibilidade de se nutrir, seja com o alimento, seja com ideias, com informações.A nossa missão é formar educadores para que eles levem essa ideia para o chão da escola, para a sala de aula.”, destacou Ariela. Próximos passos do Cozinhas & Infâncias em Sorriso A formação de 40 horas, que se estende até novembro, visa preparar os profissionais para implementar práticas de educação alimentar em suas escolas. Os participantes desenvolvem competências para transformar os espaços de alimentação escolar em ambientes de aprendizado, beneficiando diretamente as crianças do município. “Está sendo uma experiência muito enriquecedora! O curso Cozinhas e Infância me fez repensar a forma de olhar para a alimentação no cotidiano escolar, não só como um ato de nutrição, mas também como momento de aprendizagem, vínculo e afeto. Com as crianças, percebo como elas se interessam em participar dos processos, em explorar cheiros, texturas e sabores. No Cemeis onde trabalho a alimentação é bem rica e diversificada então tento buscar inserir pequenas práticas que valorizem a cultura alimentar e o contato com os alimentos de forma lúdica e significativa. Isso tem aproximado ainda mais as crianças da comida e reforçado a importância desse tema na educação infantil“, revela a professora Jaqueline Macedo, participante da formação. Como próximos passos, o programa estrutura-se em sete módulos que abordam desde “O Caminho do Alimento pelo Mundo” até “Comida na Panela”, contemplando aspectos históricos, culturais, sociais e ambientais da alimentação. Essa abordagem integral permite aos educadores uma compreensão ampla das dimensões que envolvem a alimentação. O programa “Cozinhas & Infâncias” acontece até novembro de 2025, combinando encontros presenciais na cozinha do SENAI/Sorriso com aulas online. A iniciativa resulta da parceria entre Prefeitura de Sorriso, Promotoria, Secretaria de Educação e Instituto Comida e Cultura.