Mestra em Nutrição pela USP, Ariela Doctores é uma das criadoras do curso, que ensina a professoras e cozinheiras práticas de como melhorar a alimentação dos estudantes de escolas públicas. Conteúdo publicado originalmente no Jornal da USP , por Isabela Nahas.
Coordenadora geral do Instituto Comida e Cultura (ICC), uma associação sem fins lucrativos, Ariela Doctors realiza um projeto que ensina profissionais de escolas públicas a cozinharem alimentos saudáveis e sustentáveis e retoma receitas ancestrais. O objetivo das aulas do Cozinhas & Infâncias é que as professoras e cozinheiras de escolas públicas de educação infantil passem a transformar os hábitos alimentares das crianças. Em seu mestrado desenvolvido na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, ela analisa como as escolas foram impactadas pela primeira edição do curso em 2023 e 2024, em São Paulo.
Intitulada Formação de professores para alimentação saudável e sustentável: projeto Cozinhas & Infâncias, a dissertação de Ariela Doctors avaliou a intervenção realizada com mais de 1.200 professoras, cozinheiras escolares e nutricionistas que passaram pelo curso. Elas aprenderam sobre a história da alimentação humana, as culturas que influenciaram a culinária do Brasil e os impactos sociais e ambientais dos sistemas alimentares. As aulas foram realizadas em modelo híbrido, com visitas práticas à FSP.
Ariela é formada em Rádio e TV pela USP e foi produtora de programas como Castelo Rá Tim Bum e Telecurso 2000. Depois, foi chef de cozinha e se formou em Educação Sistêmica. Não foi à toa que decidiu criar um projeto que junta educação com comida. “Eu acredito muito nisso, numa educação em que essas sujeitas possam se emancipar e levar suas próprias histórias para dentro da educação. Pode ser uma educação realmente transformadora e verdadeira”, opina a especialista, que agora tem título de mestre em Ciências pela FSP.
O Cozinhas & Infâncias é uma parceria do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP com a FSP e o Instituto Comida e Cultura. O programa procura valorizar alimentos saudáveis e naturais de culturas ancestrais, como africanas e indígenas, que foram deixadas de lado e deram lugar a alimentos ultraprocessados, que causam mal à saúde.
“Tem um monte de conhecimentos e tecnologias ancestrais relacionados à nossa alimentação que precisam ser resgatados para que os educadores possam se reconhecer dentro dessa história e levar essa educação para as crianças”, diz Ariela. A base teórica para a preparação dos cursos considera que é preciso olhar para a comida como parte central da formação da sociedade, já que “a história do alimento e da alimentação se confunde com a própria história da humanidade”, escreve.
Leia a reportagem completa no Jornal da USP.