Tomate: você sabia que este fruto é latinoamericano?

Quem nunca olhou para um tomate, ou ainda, para um pote de molho de tomate, e logo pensou em algum prato italiano? A crença de que os tomates são nativos da Itália passa de geração em geração, já que a fruta – sim, o tomate é um fruto! – é um ícone da culinária italiana, usado em muitos pratos, incluindo massas, ensopados e conservas. Sua origem, no entanto, está na América Latina. A jornada do tomate começou como uma planta selvagem encontrada no Equador, no Peru e no Chile. Depois, foi migrando mais para o norte do continente, onde os maias e os astecas trabalharam seu cultivo e modificaram a planta em variedades maiores e mais comestíveis. O nome “tomate”, inclusive, vem da palavra asteca para a planta, “tomatl”. As expedições de Cristóvão Colombo, sob as ordens da Coroa Espanhola, deram início à migração dos alimentos americanos para a Europa. De lá, se espalharam também pela África e pela Ásia, levados na bagagem de comerciantes. Assim, o tomate chegou à Itália ainda no século 16 e, por algum tempo, não caiu no gosto dos europeus por ser considerado uma planta tóxica. “Na própria Itália, embora do tomate fosse comido em salada – ‘com sal, pimenta e óleo, como se comem pepinos’, dizia em 1704 o Dicionário de Trévaux –, o molho de tomate, como tempero para massas, apareceu tardiamente: no século 18, nem os livros de cozinha nem os viajantes registram sua existência”, explicam os pesquisadores Jean-Louis Flandrin e Massimo Montanari no livro História da Alimentação. A popularização do tomate na Itália só aconteceu no século 19, quando o espaguete ao pomodoro (tomate, em italiano) ganhou as cozinhas e as barracas de comida de Nápoles, no sul do país. Mas a grande virada veio no século 20, quando muitos imigrantes italianos chegaram aos Estados Unidos e passaram a importar as conservas de tomate, seja em pasta, passata ou molho, da Itália. Nessa época, os produtos também eram exportados para o Reino Unido e logo se tornaram um símbolo da economia e da cultura italiana. A variedade mais famosa dos tomates italianos é a San Marzano. Uma curiosidade é que, atualmente, os frutos dessa variedade consumidos na Itália e pelo mundo são, na verdade, produzidos nos Estados Unidos. Um tesouro nacional que hoje precisa ser importado pelos italianos devido à forma como produzimos os alimentos em todo o mundo, uma agricultura intensiva que agride o meio ambiente. No Brasil, o tomate está nas saladas dos PFs, nas feiras, no quintal de casa, nos jardins comestíveis do bairro e na merenda escolar. É um fruto americano, que podemos celebrar e saborear com gosto. Sugerimos que experimente diversificar seus usos, como na brusqueta de tomate e cambuci que publicamos no e-book Receitas com memórias, produzido pelo Instituto Comida e Cultura (ICC) em 2024. O material foi entregue às cozinheiras escolares participantes do Programa Cozinhas e Infâncias em São Paulo, uma parceria do ICC com a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo e a Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP). Acesse aqui a receita da Brusqueta de tomate e cambuci, super prática para fazer com as crianças. Esperamos que goste!